sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A noite passada sonhei que era outra pessoa, completamente diferente, num corpo diferente, numa personalidade diferente, num sítio diferente, numa altura diferente, com pessoas diferentes. Contudo, eram pessoas que eu, como eu próprio, tenho plena noção da sua existência. Conheço-as. Mal bem não interessa.
- Sempre a mesma conversa -
Desta vez foi me fácil relembrar tudo, quase ao pormenor. Os sonhos normalmente perdem-se na memória do sono, é sempre nevoeiro quando acordamos. Lá fora as árvores mortas servem de estaleiro para os corvos virem gozar comigo. Pudera, até no sonho o facto de ser uma pessoa ridícula se manteve bem evidente, como se mo tivessem escrito na testa, como se estivesse estampado na minha cara.
- Esfrega aí um bocado com a tua mão, a ver se sai, anda lá!-
- Não me parece -
Apaixonei-me no sonho. É absurdo, para não dizer pior. Porque não posso, nunca pude. Este não sou eu, porque raio me sinto assim? 
Talvez seja por ter demasiado tempo livre, nada na cabeça. Não. As pessoas gostam de fingir que as músicas que ouvem são sempre sobre elas próprias.
É por estar de fora. As coisas repetem-se. A fita acaba e tem que se puxar para trás para começar uma e outra vez até acabar de novo. A cadeira de madeira onde-me sento, corta-me a circulação nas pernas. Problema é não conseguir caminhar apesar de ver tudo muito melhor. Preciso que me levantem.
- Merda, não tenho paciência para te aturar -
Acordei, e não me esqueci.

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